sábado, 12 de março de 2016

Rotina

O clarão de todos os dias não apareceu, o cheiro do sol quente batendo na terra não atravessou a casa indicando que era hora de acordar junto com a voz grossa e carinhosa que dizia meu nome, o espelho na altura certa e o chão frio do banheiro também não existiam mais, nem o caminho de volta até o quarto para trocar de roupa e muito menos sentar no carro e subir a mesma rua e ir para o mesmo lugar existiam mais e nem voltar para casa com a comida quente no colo que se misturava ao cheiro de papel e fazia a rotina marcante, me pertenciam mais.
O despertador toca - a cada cinco minutos - acordar se tornou difícil, sem voz, apenas com barulhos característicos da cidade grande que te acelera no primeiro segundo, olhar pela janela da uma sensação de frio, com um leve toque de sol e talvez uns pingos de chuva, o espelho é baixo e o chão de taco, a roupa mais pesada, não há carro, mas o caminho é curto, a comida é barata e os risos são garantidos.
Pode parecer uma mudança difícil, e foi em muitos dias e noites, mas ninguém disse que seria fácil, mas sabe a rotina inicial? Se não fosse ela, a secundária poderia não existir, cada segundo distante é marcante, mas cada momento no presente é enxergar o futuro e pensar adiante. Afinal, a rotina não se esqueceu, ela apenas foi brincar de gente grande.